Nessa edição

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O momento é de mudança

Uma crise profunda e multifacetada atravessa hoje o mundo todo. Desigualdades crescentes, extremismos políticos, subempregos sem futuro e catástrofes ambientais são várias de suas dimensões que se retroalimentam. Para fazer frente a isso, o desafio que se coloca é o de criar formas inéditas de atuação estatal e de cooperação entre governos.

O modelo industrial do século XX, que fomentou o crescimento econômico e por vezes conseguiu algum sucesso em termos sociais, está esgotado – seja pela forças produtivas estarem cada vez mais globalizadas e financeirizadas, seja pelos limites ambientais do nosso planeta. É necessário mudar o que se produz, como, e para quem, e para isso são necessárias formas inéditas de atuação do Estado. Nesse sentido, vêm surgindo, principalmente no Norte Global, experiências da Nova Política Industrial, que orientam o desenvolvimento da indústria para objetivos sociais e ambientais. Porém, um país periférico como o Brasil enfrenta diversos obstáculos para essa renovação do Estado e da produção. Veja mais sobre esse tema na matéria abaixo:

Ao mesmo tempo, as causas dessas crises e seus efeitos estão disseminados pelo globo, de forma que o seu enfrentamento não pode ser restrito a um país, dependendo de ações coletivas de toda a comunidade internacional. Mais do que nunca são necessárias as instituições de articulação internacional – a chamada governança global. Diante desse cenário, o Brasil, com sua histórica reputação diplomática, assumiu em 2024 a presidência rotativa do G20 – um importante fórum internacional para as discussões de cooperação econômica global. O momento é auspicioso, portanto, para avançar ações coletivas para enfrentar as crises e iniciar reformas permanentes das instituições globais. Veja mais sobre esse tema na matéria abaixo:

O momento é de mudança de rumo. É urgente criar um caminho de desenvolvimento no qual, com todos os seus desafios e incertezas, o alvo seja um mundo mais justo, menos à mercê de uma entropia conformista com o fim. O momento é de desnaturalizar a competição capitalista entre os países, começando a assumir as rédeas do nosso destino como humanidade. Portanto, mãos à obra.

A questão das regras fiscais

O governo brasileiro tem hoje um grande desafio: conciliar os planos de uma nova política de desenvolvimento com as restrições autoimpostas ao orçamento brasileiro. Isso porque o Estado brasileiro hoje é marcado por uma série de restrições jurídicas ao gasto público, que comprometem sua capacidade de ação e de planejamento. Nesse sentido, é importante entender as regras fiscais existentes e avaliar quais foram seus impactos no desenvolvimento econômico.

A regra mais famosa é o Teto de Gastos, que foi criado em 2016 em meio ao tumulto midiático com os déficits das contas públicas. O Teto durou até 2022, e acaba de ser substituído pelo Novo Arcabouço Fiscal (NAF). Entretanto, a regra do Teto, assim como a do NAF, se sobrepõe a uma outra regra mais antiga, que não foi revogada e que continua no centro das atenções da mídia e do debate público. Trata-se da Meta de Resultado Primário e da discussão em torno da capacidade do governo gerar, ou não, “superávits primários”. Ambas as regras são debatidas a fundo nesta edição nas matérias:

No mundo todo, as políticas industriais estão evoluindo para abordar objetivos sociais e ambientais, o que requer uma reforma no Estado. Neste debate, o programa Nova Indústria Brasil (NIB) exemplifica uma iniciativa recente do governo brasileiro, e o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) uma política nacional madura para superar essas barreiras.

Nessa seção veja as colunas:

É preciso transformar o Estado
Nova Indústria Brasil
O desenvolvimento aliado à missão da saúde

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As crises contemporâneas são globais, exigindo ações conjuntas de todos os países, o que para ocorrer requer uma reforma nas instituições de articulação internacional. O Brasil, em 2024 na presidência do G20, desempenha um papel central para essa articulação abordar questões como pobreza, desigualdade e mudanças climáticas.

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A ascensão do Sul Global

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A regra da Meta de Resultado Primário cria a obrigação do governo conter gastos conforme a arrecadação de impostos. Contudo, sua aplicação obsessiva no curto prazo exige cortes improvisados e sabota o planejamento público, e foi justificativa para o impeachment em 2016.

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O simplismo dos superávits fiscais
A meta no novo governo Lula

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O Teto de Gastos de esteve vigente entre 2016 e 2022 congelando os gastos públicos federais, obrigando a cortes em diversas políticas públicas. Seus impactos sobre a insegurança alimentar no Brasil foram drásticos, especialmente sobre mulheres e pessoas negras.

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Substituindo o Teto, o NAF com seu funcionamento complexo é abordado aqui, com sua consequências sobre o estímulo à economia e sobre o financiamento das políticas públicas, debatemos sua (in)capacidade de sustentar um processo de desenvolvimento do Brasil nos próximos anos.

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Os problemas do crescimento limitado
As ameaças à Previdência
As ameaças à Saúde e à Educação

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Lançada pela Gazetinha e pelo Inesc em 2023, a série introduz a relação entre governo e economia sob uma abordagem alternativa à narrativa liberal/privatizante que domina o noticiário, apontando os desafios para um desenvolvimento com justiça social e ambiental.

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Estudantes da UERJ e da Unicamp debatem como a universidade está defasada e precisa ser renovada, o que requer a articulação estudantil em entidades como a Federação Nacional de Estudantes de Economia (FENECO).

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A economia não é neutra, mas uma ferramenta para transformar a sociedade, afirmam Juliane Furno e Pedro Rossi. Eles criticam a economia neoclássica e a meritocracia, destacando a necessidade de um parâmetro moral e uma abordagem crítica para os economistas. O estudo deve integrar análise crítica e militância, defendendo uma economia que priorize a justiça social.

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