Esse conceito pode parecer banal, mas vai muito além de uma comunicação “para muita gente” que abrangeria toda a TV, tabloides, feed nas redes sociais, etc. A comunicação popular não é só para a população, ela também envolve conteúdos pensados visando uma recepção ativa para iniciar uma comunicação pela própria população.
Mas o conhecimento econômico é hermético e dominado por um discurso conformista. Esse discurso constrói uma visão de mundo de pessoas distantes e alienadas frente às forças de mercado, e facilmente leva a um punitivismo de buscar bodes expiatórios individuais. Não é popular: é elitizado, com abstrações e espantalhos, e por isso nossa abordagem do tema é crítica: ela desmonta e busca a tensão política.
Criticar não é recusar, mas desmontar, analisar, destrinchar. Questionamos o discurso dominante recorrendo a conhecimentos acadêmicos críticos, para localizar a questão como algo palpável, concreto, aqui no solo em que todas pisamos. Em vez de culpabilizar indivíduos com julgamentos morais, expomos os mecanismos que estruturam os sistemas. Assim, evitamos a caricatura, a reatividade agressiva e a ambição de esgotar o debate político de cada tema. Buscamos um posicionamento objetivo que vá além das denúncias negativas para entender o que deveria ser feito de positivo, que economia que poderia realisticamente ser construída.


Pretendemos entregar esse mapa dos mecanismos econômicos, que permita nos orientarmos em cada tema para longe das naturalizações conformistas do livre-mercado. Um mapa objetivo, isto é, ciente da plasticidade do futuro. Tornar evidente como o discurso dominante é uma abdicação da política (frente a certos grupos) que só pode ser contida pelo planejamento – isto é, pela organização da vontade da sociedade diretamente através de um Estado (ou muitos) que seja participativo.
O conteúdo que queremos difundir, então, é um meio para convergirmos e construirmos, e para isso ele precisa estar aberto à apropriação por todas. Essa comunicabilidade pode parecer apenas um trabalho de simplificação, mas comunicar é traduzir, e traduzir é recriar. O conhecimento acadêmico nunca está pronto para ser comunicado: em cada tema, sempre precisamos costurar argumentos soltos em uma estrutura narrativa, rever seus termos e recheá-los de sentido, destacar as relações fundamentais para construir um sistema simples, comunicável, que ofereça respostas imediatas, mas que também permita aprofundamento.
Ao mesmo tempo, acreditamos no poder cognitivo e radicalmente comunicativo das imagens narrativas. Buscamos ilustrar as ideias centrais, criando imagens esquemáticas que evidenciem a intencionalidade e a interconexão dos argumentos. As imagens não apenas atraem o olhar, mas também servem como guias no debate – como figuras em um mapa, permitindo que qualquer pessoa se oriente, independentemente da opinião que venha a adotar. O desenho, em um sentido mais profundo, nos obriga a criar um vocabulário visual que dá rosto às abstrações econômicas, fazendo uma conexão entre o saber hermético e a multidão que, esperamos, é a receita certa para a transformação.Produzimos esse material visualmente convidativo e conceitualmente rigoroso – didático e crítico – para a livre utilização. Estimulamos seu uso em aulas, oficinas, discussões – organizadas por nós e por outras pessoas – e buscamos entregá-lo para estudantes em período de formação. Comunicamos esses conteúdos para que as pessoas tenham autonomia de reformulá-los e de disseminar e multiplicar ideias por todo o Brasil na luta por uma economia comum.